top of page

Duas Regras - Uma falsa e uma verdadeira

É muito comum, já por muito tempo, os trinitaristas citarem textos bíblicos que usam o mesmo título ou expressão tanto para Jeová como para Jesus Cristo como alegada indicação de que ambos sejam a mesma pessoa. Por exemplo, o fato de Jeová e de Cristo serem chamados de “pastor”, “rocha” e “salvador” é tido pelos expositores dessa doutrina como “prova” de que possuem a mesma identidade. (Sal. 23:1; João 10:11; Sal. 18:2; 1 Cor. 10:4; Isa. 43:11; Luc. 2:11) Com isso, os trinitaristas estão estabelecendo uma regra. Essa regra poderia ser expressa assim: ‘Quando o mesmo título, a mesma expressão ou a mesma ação são atribuídos a seres chamados por nomes diferentes, isso indica que são a mesma pessoa.’ Será que tal regra tem validade? Sobrevive ela a um escrutínio bíblico? Vejamos.

Uma regra falsa elaborada pelos trinitaristas

Em João 8:44, Jesus declarou aos judeus de seus dias: “Vós sois de vosso pai, o Diabo.” Em João 8:56, ele se expressou ao mesmo grupo com as palavras: “Abraão, vosso pai.” Se a regra trinitarista fosse verdadeira, chegaríamos à absurda conclusão que o Diabo e Abraão são a mesma pessoa! É óbvio que o Diabo era o pai deles porque eles o imitavam, ao passo que Abraão era seu pai por serem descendentes dele.

Vejamos outro exemplo. 2 Samuel 8:13 declara: “E Davi passou a ganhar fama quando voltou de golpear os edomitas no Vale do Sal.” O cabeçalho do Salmo 60 diz que “Joabe passou a retornar e a golpear Edom no Vale do Sal.” E 1 Crônicas 18:12 diz: “Quanto a Abisai, filho de Zeruia, golpeou ele os edomitas no Vale do Sal.” Será que tais textos indicam que Davi, Joabe e Abisai são a mesma pessoa? Afinal, a mesma ação foi atribuída a cada um deles! Na realidade, o crédito pela vitória foi atribuído a Davi por ele ser o comandante-chefe; a Joabe, por este ser seu principal general; e a Abisai, por ser um comandante divisionário sob Joabe.[1] Portanto, esses dois exemplos não deixam dúvida de que a subliminar regra trinitarista não é verdadeira. Ela não subsiste ao exame honesto das Escrituras.

Uma verdadeira regra bíblica

Mas, como podemos explicar textos bíblicos que atribuem os mesmos termos tanto a Jeová como a Cristo? Para isso, vamos agora focalizar uma verdadeira regra bíblica. Ela se encontra em 1 Coríntios 8:6, que declara: “Para nós há realmente um só Deus, o Pai, de quem procedem todas as coisas, e nós para ele; e há um só Senhor, Jesus Cristo, por intermédio de quem são todas as coisas, e nós por intermédio dele.” Note que Paulo diz que do Pai “procedem todas as coisas”, ao passo que Jesus é aquele “por intermédio de quem são todas as coisas”. Embora Jesus seja aludido como “deus” na Bíblia, somente “Deus, o Pai” é a Procedência, Origem ou Fonte das coisas. (João 1:1) Por outro lado, embora Jeová seja referido como “Senhor” na Bíblia, somente Jesus é Senhor como Canal, ou Intermediário, de todas as coisas. (Sal. 8:1) Tendo presente esta clara regra estabelecida pela Bíblia, podemos entender facilmente textos que usam as mesmas expressões tanto para Jeová como para Jesus.

Por exemplo, Jeová disse: “Além de mim não há salvador.” (Isa. 43:11; veja também Salmo 106:21.) Outros textos falam de Jesus Cristo como “Salvador”. (2 Tim. 1:10; 2 Ped. 1:11) Mas Judas, versículo 25, equaciona o problema aplicando a regra bíblica acima. O texto diz: “Ao único Deus, nosso Salvador, por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor.” O entendimento é claro: Jeová é chamado de Salvador por ser a Procedência, o Autor e a Fonte da salvação, ao passo que Jesus é referido como Salvador por ser o Agente, o Canal, ou meio, pelo qual ela é realizada. Isto é confirmado pela declaração de Atos 13:23, que reza: “Deus trouxe a Israel um salvador, Jesus.” – Veja também Lucas 2:30.

Vejamos outro exemplo. Romanos 14:12 diz que “cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus”, ao passo que 2 Coríntios 5:10 afirma que “todos nós temos de ser manifestados perante a cadeira de juiz do Cristo”. Dada a similaridade das expressões, os trinitaristas apressam-se a concluir disso que Deus e Cristo são a mesma pessoa. Mas, como já explicado, seguir essa regra levaria a grandes equívocos. Por outro lado, a regra exposta em 1 Coríntios 8:6 explica coerentemente tais passagens. Aplicando tal regra, Romanos 2:16 fala de “Deus, por intermédio de Cristo Jesus, julgar as coisas secretas da humanidade”. Adicionalmente, Atos 10:42 descreve Jesus como “o decretado por Deus para ser juiz.” Como Fonte do julgamento e em cujas leis ele se baseia, Jeová é o Juiz supremo. (Sal. 50:6) Como Agente e Executor do julgamento, Jesus também pode ser mencionado como “juiz”.

Embora o título de “pastor” seja utilizado tanto para Jeová como para Cristo, encontramos a explicação que mostra a relação entre esses dois Pastores em Gênesis 49:24, 25: “Das mãos do Potentado de Jacó, dali provém o Pastor, a Pedra de Israel. Ele provém do Deus de teu pai.” Portanto, o texto mostra que Jesus, como “Pastor” e “Pedra de Israel”, provém de Jeová, o “Potentado de Jacó”. Isso concorda com o que diz a primeira parte de 1 Coríntios 8:6, a saber, que de “Deus, o Pai”, “procedem todas as coisas”, inclusive o próprio Filho, Jesus Cristo. Assim sendo, Jesus é o Pastor proveniente do Deus Todo-Poderoso, Jeová.

Como vimos, a hermenêutica, ou interpretação dos textos bíblicos, seguida pela cristandade, segue fórmulas equivocadas, superficiais e tendenciosas. (Mar. 7:13) Num sentido diametralmente oposto, a organização de Jeová mostra total respeito pela Palavra de Deus por aplicar a ela somente as regras que dela procedem. – João 17:17; 1 Tes. 2:13.


"para que as pessoas saibam que tu, cujo nome é Jeová, somente tú és o altíssimo sobre toda a terra. (Salmos 83:18)
bottom of page