O que é "um Deus" segundo os critérios bíblicos? - Parte 01

Segundo os "rivais" ideológicos do Unitarismo, ou seja os Triniteístas e Unicistas, uma análise unitarista da Bíblia termina por cair em Biteísmo, Triteísmo ou POLITEÍSMO, de modo que a Trindade (ou o Unicismo) é a única maneira de resolver a questão, mantendo o sagrado dogma e imutável do Monoteísmo biblíco, judaico e cristão, intacto. Na verdade essa questão é exagerada por alguns. É triste ver que algumas das melhores e mais famosas mentes da Cristandade durante a história, antiga e moderna, ainda caiam nessa falácia e falsa dicotomia, usando falsos dilemas como pretexto para rejeitar o unitarismo.

A forma como os unitaristas veem a Deus não diverge da maneira que a Bíblia faz uso da palavra "Deus" para identificar a Jeová. E existem algumas palavras que podem nos ajudar nesse sentido. Alguns exemplos úteis para entender como as escrituras aplicam o termo DEUS podem ser demonstrados com um estudo em cima das palavras "Adão", "Cristo", "Diabo" e "Pai".

A Bíblia fala de quantos Adões? Quantas pessoas ele era? A Bíblia fala de outro Cristo? Jesus Cristo são quantas pessoas? Ensina a existência de quantos Diabos? Quantas pessoas o formam? Como temos um só Pai, os outros pais são pessoas que são um com Ele?

ANÁLISE DO TERMO "DIABO"

A palavra diabo não é usada exclusivamente para o ser conhecido como Satã, mas SATANÁS, O DIABO É UMA SÓ PESSOA (não duas, nem três ou quatro), de forma que, a existência de vários diabos, não afeta que O Diabo seja uma pessoa só. De fato seria risível que o uso do termo "Diabo" para diferentes indivíduos nos fizessem supor uma pluralidade em Satanás, como sendo várias pessoas em um só Diabo. O que importa é que a identidade pessoal de Satanás, O Diabo, seja mantida e o fato de Judas ter sido chamado de "Diabo" (João 6.70) e Pedro ter sido chamado de "Satanás" (Mateus 16:23) nunca poderia fazer que este ser humano tenha a mesma identidade que O Diabo, pois as qualidade e adjetivos diabólicos até podem ser compartilhados, mas não a PERSONALIDADE e IDENTIDADE de cada um, que é única.

As Escrituras Sagradas, no Antigo e no Novo Testamento fazem um trabalho interessante com os artigos indefinidos quando querem identificar a personalidade especifica de Satanás e não um adversário ou caluniador humano comum. De fato as Escrituras não dão um nome próprio e pessoal para o ser conhecido como "Satanás, O Diabo", sendo que inclusive os termos "Lúcifer", "a estrela da manhã" ou "estrela d´alva" que muitos erroneamente pensam ser o nome próprio do anjo rebelde não são usados exclusivamente para ele (na realidade, se você estudar o assunto, verá que estes termos são utilizados para Jesus Cristo). O ponto é que mesmo sem uma identificação definitiva (termos como "serpente" e "dragão" também são palavras comuns com outras aplicações, o mesmo pode ser dito de "Belial") através de palavras exclusivistas, mesmo assim a identidade e personalidade única da Criatura Espiritual descrita não deve ser posta em dúvida.

ANÁLISE DA PALAVRA "ADÃO"

Adão, quem é Adão? Adão foi o primeiro homem, formado por Jeová Deus do pó do solo (Gên 2:7) e a própria carne qual saiu Eva, que veio a ser sua esposa. Com ela Adão veio a gerar muitos filhos e filhas, entre eles, Abel, Caim e Sete. Mas aí que está, a palavra "ADÃO" é utilizada para homens em geral ou mesmo coletivamente para significar a humanidade. Será que isso faz com que o homem chamado Adão seja mais do que uma única pessoa? Será que a existência de tantos homens e mulheres que podem legítima e apropriadamente serem chamados de "Adões" afeta a unidade pessoal de Adão, marido de Eva? Seriam todos estes outros "falsos Adões"? Obviamente que não! Um "Falso Adão" teria de ser alguém que fingisse ser ou quisesse tomar a identidade, os privilégios ou a posição que por direito são exclusivos de Adão.

ANÁLISE DO TERMO "PAI"

Pai, quantos pais nós temos? Vários. Mas de quantos "Deus Pai" a Bíblia fala? De um! (1 Coríntios 8:6). Deus, O Pai ou o Pai Celestial são uma única pessoa. Embora o termo "pai" em si seja genérico, o ser pessoal e individual identificado como nosso Deus e Pai não é, Ele é um e único. O foco não é no título ou na qualidade ou atributo (genérico, comum) de ser pai, pois todo aquele que gera ou adota um filho é pai, mas sim na específica identidade pessoal daquele de quem falamos. É possível que desafiemos a paternidade de Deus se escolhermos nos rebelarmos contra ele e escolhermos "morar" ou servir a um outro "pai", e é assim que muitos vêem a se tornar filho de Satanás, O Diabo! Por querer usurpar a posição e as atribuições própria de Jeová Deus, a criatura espiritual conhecida como Satanás, O Diabo pode fazer o papel de "FALSO PAI", mas o mesmo não acontece com nossos genitores biológicos. Ainda neste respeito, vale frisar que aqueles que estão no unicismo estão rejeitando a paternidade de Jeová ao se proclamarem como sendo filhos apenas de Jesus Cristo. Eles estão trocando de "Pai", ao inclusive negarem a existência pessoal do Deus e Pai do Filho de Jeová.

ANÁLISE DA PALAVRA "CRISTO"

É bom lembrar que embora Jesus Cristo seja apenas um, uma única pessoa, o termo "Cristo" (Ungido, Messias) é usado várias vezes e para diferentes pessoas nas Escrituras. Qualquer pessoa ungida por Deus para determinada função ou propósito era um "Cristo", e no próprio Novo Testamento outros são citados como sendo ungidos com o espírito santo de Deus, sendo assim também "Cristos" de Deus. Isso não afeta em nada que cremos em apenas um Messias, Jesus de Nazaré.

CONCLUSÃO

Ou seja, as acusações de que unitaristas seriam "politeístas" por isolar o Pai como sendo Deus em sentido singular e especial, mesmo aceitando que outros sejam chamados de "Deuses, não diferem muito do absurdo de acusar alguém de crer numa doutrina "polisatanista" meramente por afirmar o fato bíblico de que Judas também foi chamado de "Diabo". Também teríamos que admitir que a existência de outros ungidos torna alguém um "polimessianista".

As pessoas de Deus, do Cristo, do Diabo e de Adão são todas pessoas individuais singulares, embora os termos "Deus", "Cristo", "Diabo" e "Adão" sejam palavras comuns que podem ser usadas e aplicadas diversamente. Não se pode basear uma doutrina tão importante quanto a identidade de Deus (que é o personagem principal da Bíblia) em falácias tão frágeis quanto a de dizer que os termos "Elohim, El, Theos e etc só possam se aplicar ao Deus Único (YHWH) e assim forçar goela abaixo que para mantermos nosso "monoteísmo" temos de adicionar mais pessoas dentro de Deus o tornando "polipessoal" para evitar um suposto "politeísmo" totalmente inexistente!

A segunda parte desse tema irá analisar especificamente então o queria seria "um Deus" segundo os critérios bíblicos.