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Você precisa acreditar na trindade para ser salvo? Parte 01

Muitos cristãos pensam que não crer na trindade significa não crer no Pai, no Filho e no Espírito Santo, mas não poderia haver um engano maior que este. Um crente unitariano crê tanto no Pai, quanto no Filho e no Espírito Santo, pois assim criam Abrão, Isaque, Jacó, Pedro, Paulo e tantos outros; apenas não crê que os três componham um único Deus como é ensinado explicitamente pelo dogma trinitário.

Há os que duvidem e outros até afirmam não haver possibilidade de salvação para quem não acredita na formulação da trindade, mas pode-se propor aos tais uma pergunta extremamente simples, fazendo uso da história bíblica para isso, que consistiria em saber qual dos fiéis personagens bíblico, seja na Antigo ou no Novo Testamento, foi salvo por professar um Deus consubstanciado em três pessoas e, qual deles ensinou a formulação da trindade ensinada hoje como condição para salvação do homem? Ora, se isto não ocorreu quem poderá acusar de erro àqueles que procuram manter a mesma fé dos patriarcas e apóstolos? O que Jesus mesmo diz pertinentemente ao assunto deve nos dar uma pista: E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (Jo. 17.3). O Senhor Jesus nos orienta a cremos no Pai como único Deus e nele (Jesus) como o Cristo enviado, essa é a condição para salvação.

Já vimos que o antigo Israel nunca aprendeu de Jeová, seu Deus, nunca compreendeu dentro das Sagradas Escrituras e nunca professou que Deus fosse três em um ou um em três, ou ainda as duas coisas ao mesmo tempo. Pelo Antigo Testamento se sabe que o Messias seria um homem e não o próprio Deus, Gn. 3.15 “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”: Da semente da mulher. Gn. 22.18 “E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz”: Da tribo de Judá. Gn. 49.10 “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos.” e, por conseguinte, descendente de Davi.

A ideia de um messias descendente humano dos antigos reis de Israel além de ser bíblico é defendido por numerosos, senão todos, eminentes teólogos trinitarianos. No contraponto dessas constatações bíblicas está a completa ausência de alguma informação dentro das Escrituras que informem ser o Cristo o próprio Deus encarnado. Assim, quando na epístola aos Hebreus se diz que todos os grandes patriarcas e profetas “… morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.” (Hb. 11.13), estes jamais afirmaram ou insinuaram que Deus fosse um triúno e termina por atestar a salvação deles provando de forma inconteste que o conceito relativamente recente que transformou Deus em uma substância composta por três hipóstases, não é, em hipótese alguma, condição sine qua non para salvação dos tementes a Deus, caso contrário todos os personagens bíblicos que serviram a Deus na antiguidade estariam condenados.

O próprio Novo Testamento, onde se diz que por Cristo veio “a graça e a verdade”, prova que não se exige a aceitação do ensino tardio da trindade para sermos salvos, pois em absolutamente nenhum versículo do NT encontramos a recomendação de crermos em Deus como sendo três para obtermos salvação, ao invés disso, em uma clara distinção dEle e Deus, o próprio Filho, Jesus Cristo, nos ensina: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.” (Jo. 14.1)

O Nosso Senhor não diz para cremos nele como Deus, mas cremos nele e em Deus. Dois entes distintos: ele e Deus. Nas suas instruções aos seus discípulos Jesus nunca disse ser Deus, nem consubstancial com ELE; nem nas sinagogas, nem aos doze, nem em seus sermões nas terras de Israel, nem na estaca, nem a Paulo em suas manifestações ao apóstolo que testificou ter aprendido dEle; também não o disse nas revelações a João no Apocalipse, pelo contrário, dentro da Bíblia não há qualquer razão ou orientação para buscarmos em crenças formuladas posteriormente ao período apostólico algum conhecimento ou condição adicional para sermos salvos, antes se pede a preservação do que foi aprendido na Bíblia. O Messias disse de forma taxativa “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.” (Jo. 7.38), e essa escritura já estava disponível na época em que Jesus falou isso, então, a forma de crer em Jesus não deve apontar para as tardias fórmulas nicenas¹ ou capadocianas² elaboradas muitos e muitos anos após a morte do último apóstolo, mas para o Texto Sagrado.

Notas:

1 Nome originado das formulações surgidas no Concílio de Niceia em 325 d.C, onde se convencionou a igualdade absoluta entre Deus, o Pai e Jesus, o Filho.

2 Nome originado das formulações elaboradas pelos chamados Padres Capadócios: Gregório de Nissa, Gregório de Nazinazo e Basílio de Cesareia. Que estabeleceram a afirmação: “uma substância e três hipóstases” para o conceito trinitário da Divindade.

Obs: O autor do site fez duas mudanças em relação ao artigo original. Onde le-sê "Yahweh" no original, neste texto encontra-se a forma "Jeová". A outra mudança foi da palavra "cruz" para a palavra "estaca".


"para que as pessoas saibam que tu, cujo nome é Jeová, somente tú és o altíssimo sobre toda a terra. (Salmos 83:18)
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