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Você concorda com Jesus Cristo ou com seus inimigos?

Nos países nominalmente cristãos, como é o caso do Brasil, tanto a pergunta soaria estranha como também a resposta seria óbvia. Mesmo em grupos religiosos não cristãos, tais como o Budismo, o Judaísmo e o Islamismo, por exemplo, existe um respeito geral pela pessoa de Jesus Cristo.[1] Assim, possivelmente com raríssimas exceções, ninguém advogaria estar a favor dos inimigos de Cristo – dos que o negam ou falam mal dele.

No entanto, embora a resposta ao título deste artigo seja aparentemente previsível, e a pergunta seja aparentemente obsoleta e injustificável, lamentavelmente não é o que acontece de fato, quando se trata de analisar os inimigos CONTEMPORÂNEOS de Cristo. Infelizmente, os conceitos desses inimigos ainda se perpetuam em nossos dias – e o pior de tudo – em religiões professamente cristãs! Como assim?!

Observe abaixo dois exemplos de passagens bíblicas, que ocorrem no contexto de debates entre Jesus Cristo e seus opositores. Ao fazer tal análise, verifique qual das duas posições o seu seguimento – ou líder – religioso defende atualmente.

1.º texto:

“Deveras, por esta razão, os judeus começaram ainda mais a procurar matá-lo [a Jesus], porque não somente violava o sábado, mas também chamava a Deus de seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.” – João 5:18, NM (Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, 1986, Cesário Lange, SP, Brasil.)

Muitos líderes religiosos afirmam, à base do texto acima, que Jesus Cristo e “seu próprio Pai” possuem igualdade “em qualidade e quantidade”. A palavra grega para "igual", nesse texto, é "ison", acusativo de "ísos"[2]. Com base nesse termo grego, tais líderes afirmam que o Pai e o Filho são coiguais em poder e autoridade.

Note agora outra passagem bíblica em que ocorre o termo grego ísos:

“O qual [Jesus], embora existisse em forma de Deus, não deu consideração a uma usurpação, a saber, que devesse ser igual [forma de ísos] a Deus.” – Filipenses 2:6. – NM.

O texto acima é claro em mostrar que o Senhor Jesus “tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus.” (NTLH) Ao contrário, Jesus considerava uma “usurpação” a mera ideia de ser igual a Deus![3]

No entanto, apesar de essas considerações linguísticas mostrarem claramente que o Senhor Jesus Cristo não é “igual a Deus”, o Pai, este não é o ponto em questão quando se examina a passagem de João 5:18, transcrita acima. O ponto em questão é que tal passagem descreve a opinião dos inimigos de Jesus! Foram eles que concluíram ERRONEAMENTE que Jesus se fazia “igual a Deus”, do mesmo modo como concluíram ERRONEAMENTE que Jesus “violava o sábado”. Enquanto a Lei mosaica vigorava, Jesus a cumpriu perfeitamente, o que incluía guardar o sábado semanal.[4]

Assim, os que usam o texto de João 5:18 para construir suas proposições estão claramente do lado dos opositores de Jesus – estão a favor dos inimigos dele! A resposta de Jesus no versículo seguinte decide terminantemente o assunto:

"O Filho não pode fazer nem uma única coisa de sua própria iniciativa, mas somente o que ele observa o Pai fazer. Porque as coisas que Este faz, estas o Filho faz também da mesma maneira." – João 5:19, NM.

Portanto, Jesus deixou claro que não era “igual a Deus” – como foi equivocadamente entendido pelos seus opositores –, mas que em tudo dependia de seu Deus e Pai, não tendo de forma alguma o mesmo poder e autoridade do Pai.

Vejamos agora o 2.º texto:

“Os judeus responderam-lhe: ‘Nós te apedrejamos, não por uma obra excelente, mas por blasfêmia, sim, porque tu, embora sejas um homem, te fazes um deus.’” – João 10:33, NM.

As traduções em geral vertem a parte final do texto acima por: “Te fazes Deus a ti mesmo". – ACRF, Al, ALA.

Muitos líderes religiosos nominalmente cristãos criticam a NM por usar a expressão “um deus”. Atentam para o fato de que, no texto grego, “não tem nenhum ‘um’ na frente de Deus”, que o grego usado na Bíblia ‘não tem artigo indefinido’; mas se esquecem de que, nas próprias traduções que eles usam, ocorre a expressão “um deus” quando o tradutor julga necessário verter assim a passagem para dar o sentido correto do texto original. (Veja Atos 28:6 nas versões Al, ALA, ACRF e IBB.) Embora o grego koiné não possua artigo indefinido, os substantivos gregos anartros (sem artigo) podem ter um sentido indefinido, como mostra, por exemplo, a passagem de Atos 28:6.

A fim de defender a expressão “te fazes Deus” como sendo a tradução correta, um cristão nominal afirmou que “os judeus esperavam que o Messias fosse o Filho de Deus (não um Filho de Deus) e sabiam que Ele teria a divindade”. Bem, se os judeus realmente sabiam que o Messias teria divindade no sentido de ser o próprio Deus, eles não teriam tentado apedrejar Jesus quando supostamente entenderam – segundo os trinitaristas – que o Filho ‘se fazia Deus’. Pelo contrário, teriam aceitado Jesus como o Messias!

Mas o ponto crucial é que, novamente, os cristãos nominais que usam João 10:33 para alicerçar suas crenças estão, na verdade, tomando o lado dos inimigos de Jesus! Estão compactuando com a opinião deles – com as conclusões a que eles chegaram!

Certo cristão nominal afirmou sobre o texto: “Nas versões respeitáveis fica claro que Jesus estava afirmando ser Deus, não um deus qualquer.” Lamentavelmente, na ânsia de tentar endossar suas próprias crenças, tal religioso colocou irrefletidamente que o texto de João 10:33 era uma afirmação de Jesus Cristo, quando na realidade ERA UMA AFIRMAÇÃO DOS INIMIGOS DE CRISTO!

O próprio Jesus Cristo replicou o entendimento equivocado dos seus opositores com a cristalina explicação que fez sobre a sua própria identidade:

“Jesus respondeu-lhes: ‘Não está escrito na vossa Lei: “Eu disse: ‘Vós sois deuses’?” Se ele chamou “deuses” aos contra quem se dirigia a palavra de Deus, e, contudo, a Escritura não pode ser anulada, dizeis a mim, a quem o Pai santificou e mandou ao mundo: “Blasfemas”, porque eu disse: Sou Filho de Deus?’” – João 10:34-36, NM.

É lamentável que tais preconceituosos sigam este caminho: focam a conclusão errada dos judeus (em João 10:33) e não a explicação cristalina de Cristo (nos versículos 34-36), onde ele afirma claramente ser, não Deus, mas sim “Filho de Deus”. Os trinitaristas, não tendo mesmo em que se ancorar, precisam colocar-se ao lado dos judeus opositores de Cristo, aceitando a opinião equivocada deles como se fossem pontos de fé! É muito triste que tais cristãos professos prefiram dar valor à opinião totalmente equivocada dos judeus acusadores de Jesus e não à clara e abalizada explicação de Cristo. Por outro lado, merecem elogios os que, ao contrário, ficam do lado de Cristo e das explicações dele, e que as tomam como pontos de fé, pois são fiéis e verdadeiras.

Portanto, fica aqui a pergunta ao leitor: Você é a favor de Jesus Cristo ou dos inimigos dele?

Sigla das traduções usadas neste artigo:

ACRF – Almeida Corrigida e Revista Fiel

Al – Almeida Corrigida

ALA – Almeida Revista e Atualizada

IBB – Almeida da Imprensa Bíblica Brasileira

NTLH – Nova Tradução na Linguagem de Hoje

Notas:

[1] O livro Nunca Desista de Seus Sonhos (2004; em Portugal intitulado: Nunca Desista dos Seus Sonhos), do escritor brasileiro Augusto Cury, contém a seguinte declaração: “Maomé chamou Jesus de Sua Dignidade no Alcorão, exaltando-o mais do que a si mesmo. O budismo, embora seja anterior a Cristo, incorporou seus principais ensinamentos. Sri Ramakrishna, um dos maiores líderes espirituais da Índia, confessou que a partir de 1874 foi profundamente influenciado pelos ensinamentos de Jesus Cristo. O território consciente e inconsciente de Gandhi também foi trabalhado por seus pensamentos.”

[2] De acordo com o Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong, ισος (ísos) tem o sentido de “igual, em quantidade e qualidade”. (2002, Sociedade Bíblica do Brasil). O Léxico Analítico Grego, de Bagster (Nova Iorque, 1870), define ísos como “igual”, “em pé de igualdade”.

[3] Veja o artigo, no blog do apologista da verdade, intitulado “DIREITO OU ‘USURPAÇÃO’? (Filipenses 2:6)”, no link: http://oapologistadaverdade.blogspot.com.br/2012/12/direito-ou-usurpacao-filipenses-26.html

[4] Gálatas 4:4 declara: “Quando chegou o pleno limite do tempo, Deus enviou o seu Filho, que veio a proceder duma mulher e que veio a estar debaixo de lei.” (NM) Visto que Jesus estava “debaixo de [sujeito à] lei", ele não violou nenhuma das normas dessa "lei" (a Lei mosaica), que incluía a guarda do sábado.


"para que as pessoas saibam que tu, cujo nome é Jeová, somente tú és o altíssimo sobre toda a terra. (Salmos 83:18)
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